Porto Velho

Corporativismo quer salvar o mandato do senador cuequeiro

Se insistir em colocar panos quentes no caso do senador cuequeiro, o Senado Federal deixará claro que as coisas permanecem arranjadas como melhor se afiguram aos interesses de suas excelências

 

Quando se trata de fazer arranjos políticos, o Congresso Nacional não deixa por menos — com as devidas exceções —, apesar de essa não ser uma característica exclusiva da turma de Brasília. Nesse sentido, o repertório costuma ser farto, cheio de recursos para tal. Veja, por exemplo, o que estão desejando fazer os colegas de partido daquele senador apanhado pela Policia Federal escondendo notas de reais nas partes intimas. O presidente do Conselho de Ética, que é do mesmo partido do senador cuequeiro, teve o cinismo de propor ao colega que pedisse uma licença de cento e vinte dias, como opção para sair da alça de mira da imprensa, até que o escândalo caia definitivamente na vala comum do esquecimento. De quebra, ele ainda se livraria das garras, não muito afiadas, do Supremo Tribunal Federal, que ameaça destroná-lo do cargo.

Recentemente, a competente polícia Federal apanhou um deputado estadual de Rondônia com a mão na cumbuca. E o que fez o Poder Legislativo? Até agora, nada. Sinceramente, esse negócio de esconder dinheiro na cueca não parece ser um apanágio do senador paraense. Aqui mesmo, em Porto Velho, um parlamentar foi filmado, não pela polícia Federal, mas pelo então diretor financeiro da Casa de Leis, colocando notas de reais nas partes íntimas. O cidadão ainda mexia as cadeiras para acomodar melhor os maços de dinheiro. O vídeo correu os quatro cantos da cidade. E o que aconteceu? Absolutamente nada. Como presente, parcela expressiva da população outorgou-lhe o mandato de deputado estadual, até que a Justiça resolveu sepultar sua carreira politica.

Se insistir em colocar panos quentes no caso do senador cuequeiro, o Senado Federal deixará claro que as coisas permanecem arranjadas como melhor se afiguram aos interesses de suas excelências. Não bastasse isso, ainda tem gente que tem a cara de pau de vir a público dizer que “estamos fazendo tudo dentro da estrita legalidade”, como se ela, em certos casos, não funcionasse como uma espécie de cortina por trás da qual alguns deles aprontam das suas.


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