O governo de Rondônia promoveu um ‘mutirão’ de cirurgias oftalmológicas pouco antes da saída de Fernando Máximo da secretaria de Saúde. Mas, o que deveria ter sido uma alegria para as mais de 600 pessoas atendidas, se transformou em um pesadelo para 70, um drama para 14 e uma tragédia para pelo menos 3 delas, que podem ficar permanentemente cegas.
De acordo com informações do Estado, até o momento foram identificadas 70 pessoas infectadas com endoftalmite durante mutirões de cirurgias de cataratas e pterígios. Ao todo, foram atendidas 649 pessoas durante a ação.
O governo informou também que faz o acompanhamento de 28 pacientes. Desses, 21 precisaram passar por uma nova cirurgia e cinco desistiram da assistência dada pelo estado.
Entre os pacientes, foram identificados 14 que estão em estado crítico. Três deles receberam diagnóstico de “Sem Percepção da Luz (SPL)”, ou seja, podem perder completamente a visão.
O Conselho Regional de Medicina (Cremero) acompanha o caso e segue recebendo denúncias. Segundo a presidente, Ellen Santigo, foi aberta uma sindicância para apurar se houve falta de ética médica dos profissionais envolvidos no mutirão.
“Tendo indícios de infração ética, o médico responde um processo ético profissional e, dependendo da gravidade, ele pode receber apenas uma censura pública ou até a cassação do diploma”, apontou.
A promotoria de saúde do Ministério Público do Estado (MP-RO) também investiga a situação, por um comitê de crise instalado pela Secretaria de Saúde de Rondônia (Sesau). A promotoria aguarda o relatório final para definir medidas judiciais.