O Ministério Público de Rondônia (MP/RO) prestou informações à imprensa sobre os desdobramentos do caso de vazamento de amônia no frigorífico da JBS em Pimenta Bueno.
A situação ocorreu em fevereiro deste ano.
Na parte mais significativa do manifesto encaminhado por Jaqueline Martins Pires Luz, assistente de Promotoria, trazendo à tona explicações patrocinadas pelo promotor de Justiça Marcos Giovane Ártico, o órgão de fiscalização e controle revela:
“Apurou-se que a câmara de resfriamento nº 02 operava sem a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, documento que define, para os efeitos legais, os responsáveis pelo desenvolvimento de atividade técnica no âmbito das profissões abrangidas pelo Sistema Confea/Crea, sendo imprescindível para atestar a regularidade e capacidade de operação das estruturas metálicas das câmaras de refrigeração dos frigoríficos e vazamento de amônia”.
Em seguida, revelou:
“Com o rompimento da estrutura metálica, toda a carne armazenada na citada câmara foi contaminada com o gás tóxico (amônia). Não obstante a imediata contaminação, o Serviço de Inspeção Federal identificou que a cadeia de produção foi violada com a lavagem das carcaças com água clorada, as quais tiveram contato com o piso, propiciando risco sanitário adicional de contaminação química por cloraminas, fruto da reação do cloro presente na água com a amônia presente no produto”.
CARNE CONTAMINADA DESTINADA AO CONSUMIDOR
O promotor de Justiça prossegue relatando que a JBS S/A, mesmo ciente dos riscos de contaminação, desrespeitando determinação do Serviço de Inspeção Federal (SIF), o qual determinou a segregação dos lotes até ulterior deliberação, “destinou clandestinamente a carne para outra Unidade Frigorífica no Estado de São Paulo com fim de processá-la e destiná-la para o consumo”.
O MP/RO, então, obteve decisão na Justiça para apreender os lotes com intenção de evitar que carne contaminada com amônia chegasse à mesa do consumidor.
“Ressalte-se que os representantes da empresa JBS S/A insistiram no processamento da carne apreendida, com a nítida intenção de destiná-la ao consumo. Tanto é assim, que processaram e embalaram todo o lote de carne na forma de Jerked Beef”, diz ainda o representante do MP/RO.
E concluiu:
“Pelo exposto, verifica-se que ao contrário do que a empresa tenta sustentar em suas declarações públicas, a carne contaminada com amônia foi destinada ao consumo, porquanto foi processada e embalada para tal finalidade, apenas não chegando à mesa dos consumidores espalhados pelo país, tendo em vista a rápida intervenção judicial em sede medida cautelar”.
CONFIRA A ÍNTEGRA DOS ESCLARECIMENTOS PRESTADOS:
“Aos
Órgãos de imprensa
Prezados Senhores,
De ordem do Promotor de Justiça titular da 1ª Promotoria de Justiça de Pimenta Bueno-RO, Doutor Marcos Giovane Ártico, considerando a matéria amplamente veiculada pelos órgãos de imprensa da mídia brasileira, o Ministério Público do Estado de Rondônia apresenta as seguintes informações, visando ao esclarecimento dos fatos apurados no Inquérito Civil n. 001/2021:
Inicialmente, esclarece-se que a atuação do Ministério Público do Estado de Rondônia iniciou-se de imediato após tomar ciência de que no dia 15/02/2021 no período da manhã, nas dependências da Unidade Frigorífica da JBS S/A – FILIAL PIMENTA BUENO, a canalização de uma das câmaras de refrigeração se rompeu, face a queda da estrutura metálica, acarretando no vazamento de gás tóxico (amônia), atingindo as carcaças de carne que estavam acondicionadas na câmara fria nº 02 e provocando danos à saúde das pessoas que trabalhavam no local, sendo que dezenas foram socorridas na unidade ao Hospital Municipal de Pimenta Bueno.
O instituto de criminalística atestou que o ilícito se deu por excesso de peso.
No decorrer do procedimento instaurado para apurar as possíveis causas e danos provocados à saúde, meio ambiente e sobretudo ao consumidor, descortinou-se uma série de atos praticados pelo Frigorífico JBS S/A, por intermédio de seus colaboradores, que agindo em nome da empresa, tentou burlar o Serviço de Inspeção Federal – SIF, destinando ilicitamente a carne contaminada com amônia para o consumo.
Tal conclusão é resultado das investigações realizadas pelo Ministério Público em conjunto com demais órgãos de fiscalização (MAPA, Polícia Civil), diante da farta prova documental, testemunhal e pericial dos atos praticados pela empresa.
Apurou-se que a câmara de resfriamento nº 02 operava sem a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, documento que define, para os efeitos legais, os responsáveis pelo desenvolvimento de atividade técnica no âmbito das profissões abrangidas pelo Sistema Confea/Crea, sendo imprescindível para atestar a regularidade e capacidade de operação das estruturas metálicas das câmaras de refrigeração dos frigoríficos e vazamento de amônia.
Com o rompimento da estrutura metálica, toda a carne armazenada na citada câmara foi contaminada com o gás tóxico (amônia). Não obstante a imediata contaminação, o Serviço de Inspeção Federal identificou que a cadeia de produção foi violada com a lavagem das carcaças com água clorada, as quais tiveram contato com o piso, propiciando risco sanitário adicional de contaminação química por cloraminas, fruto da reação do cloro presente na água com a amônia presente no produto.
Ciente dos riscos decorrentes da contaminação, a empresa, desrespeitando a determinação do Serviço de Inspeção Federal, o qual determinou a segregação dos lotes até ulterior deliberação, destinou clandestinamente a carne para outra Unidade Frigorifica no Estado de São Paulo com fim de processá-la e destiná-la para o consumo.
Após tomar conhecimento de burla ao SIF, o Ministério Público ingressou com pedido cautelar com vistas a impedir que os produtos chegassem efetivamente à mesa do consumidor. Em sede de cautelar, o juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de Pimenta Bueno, determinou a apreensão dos lotes (Processo nº 7000729-56.2021.8.22.0009).
Ressalte-se que os representantes da empresa JBS S/A insistiram no processamento da carne apreendida, com a nítida intenção de destiná-la ao consumo. Tanto é assim, que processaram e embalaram todo o lote de carne na forma de Jerked Beef.
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