Panos Quentes

Polícia Civil do Paraná acoberta assassinato político de Marcelo Arruda

Enquanto a Polícia Civil do estado governado por Ratinho Júnior (PSD) passa pano para o terrorismo de estado bolsonarista, Jair segue capitalizando a morte

 

Guaranho e Marcelo Arruda (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Após quatro dias foi concluído o inquérito que investigava a morte de Marcelo Arruda, militante do PT assassinado em sua festa de aniversário de 50 anos pelo bolsonarista Jorge Garanho, em Foz do Iguaçu, no Paraná. De acordo com a Polícia Civil, o crime teve motivo torpe, mas não será enquadrado como crime de ódio, político ou contra o estado democrático de direito por falta de elementos para isso. Para os investigadores, Jorge teria cometido o assassinato por impulso e não premeditadamente.

Segundo a polícia, durante a tarde do sábado (9), Jorge estava num churrasco em que outro convidado, funcionário do clube que Marcelo havia alugado o salão de festa, possuía acesso às câmeras de segurança. As imagens permitiram a Jorge, que havia ingerido bebida alcoólica, saber que a temática do aniversário era Lula e o PT. Assim, sem ser convidado e sequer conhecer o aniversariante, Jorge se dirigiu de carro, acompanhado da mulher e do filho, até a porta da festa para agredir os presentes.

Após as ofensas de Jorge, Marcelo reagiu jogando terra em seu carro. Jorge então deixou o local com a família e voltou em seguida, sozinho. O fato de estar com a família é importante, pois mostra que o assassino não estava fazendo uma “ronda”, como divulgado pela imprensa e a polícia, mas tinha a intenção de agredir os convidados por suas preferências políticas. Ao retornar, o assassino invadiu o salão de festas gritando “Aqui é Bolsonaro, aqui é mito” e deu três tiros fatais em Marcelo, que revidou com dez tiros. Jorge segue internado em estado grave.

Segundo o inquérito conduzido pela delegada Camila Ceconello, o assassino interrompeu a festa com provocações, gritos, ofensas e música alta em defesa de Jair Bolsonaro. A reação de Marcelo teria “humilhado” o bolsonarista Jorge, o que motivou o crime, segundo o depoimento da esposa do assassino utilizado pela delegada para concluir as investigações em tempo recorde. Após reconhecer que Jorge invadiu a festa e sacou a arma por razões políticas, a Polícia Civil afirmou que o assassinato de Marcelo foi por razões pessoais.

Para a defesa da família de Marcelo, houve pressa na conclusão do inquérito para não apontar motivação política e crime de ódio por parte de Jorge. A perícia do celular de Jorge foi encaminhada ontem, quinta-feira (14). Hoje, sexta-feira (15), a Polícia Civil apresentou relatório conclusivo. Para o advogado de defesa, Ian Vargas, até semana que vem a polícia poderia apurar mais elementos e oferecer oportunidade para a família fornecer mais informações e realizar novas diligências. A defesa não teve acesso aos depoimentos e outros materiais colhidos durante a investigação.

Enquanto a Polícia Civil do estado governado por Ratinho Júnior (PSD), que declarou apoio à reeleição do mal no Brasil, passa pano para o terrorismo de estado bolsonarista, Jair segue capitalizando a morte, defendendo o assassino e atacando a esquerda. Com riscos de perder as eleições no primeiro turno, seu governo vai para o tudo ou nada com avanços no campo institucional, com a PEC Kamikaze – cuja aprovação violou todas as normas do regimento da Câmara dos Deputados -, e os ataques fascistas contra seus adversários e o processo eleitoral – incentivando seguidores a agir contra os apoiadores de Lula, o que levou ao assassinato de Marcelo Arruda.

Com a covarde conivência do Judiciário, do Legislativo e do Ministério Público, e agora com apoio da Polícia Civil do Paraná, Jair seguirá delinquindo e incentivando a delinquência no país. Sua intenção é adiar ou invalidar o resultado das eleições, investindo no terror bolsonarista para causar medo no eleitor. É imprescindível a união das mais amplas forças democráticas em defesa das eleições e da soberania popular. As lideranças políticas têm a missão de mobilizar as massas e ocupar as ruas de todo o Brasil para denunciar a violência bolsonarista. Apenas isso poderá garantir que o caso de Marcelo tenha uma investigação digna, que o pleito de outubro aconteça e tenha seu resultado respeitado.

Carla Teixeira

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Membro do Conselho Editorial da Revista Temporalidades – Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG


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