O médico Marcelo Queiroga comunicou ao presidente Jair Bolsonaro que não ficará mais à frente do Ministério da Saúde. O (ainda) titular da pasta permanecerá na função até que o Planalto encontre um substituto.
Bolsonaro tentou demover o ministro, sem sucesso. Queiroga disse que o ministério está profundamente dividido em meio à crise e que não consegue impor sua autoridade. Em síntese, afirmou que não tem condições de trabalhar como supôs que seria possível. Queiroga é o quarto ministro da Saúde a pedir demissão desde o começo da pandemia.
O presidente agradeceu os serviços de Queiroga e insistiu para que ele ficasse no cargo até que o Planalto escolha um novo ministro. Também insistiu para que a saída dele permanecesse em sigilo, de modo a evitar mais desgastes políticos numa área em que o governo sofre desde o começo da pandemia. Queiroga aquiesceu.
O pedido de demissão e o teor dele foram relatados ao Bastidor, reservadamente, por duas fontes com conhecimento direto dos fatos.
É improvável que haja uma reviravolta nesse caso, avaliam essas fontes. Trata-se de uma saída amigável e consensual, de acordo com elas. Não houve fritura nem o presidente ficou contrariado com qualquer ação de Queiroga – ao contrário, o médico se queimou perante os pares ao relativizar o uso de máscaras.
Não há data firme para a troca no ministério, mas Bolsonaro, além de ainda estar em busca de um substituto, quer resolver o problema após os atos do 7 de setembro.
Atualização às 18h07 de 2 de setembro de 2021: Queiroga disse há pouco à imprensa que não pediu demissão e que ficará no cargo até quando Bolsonaro desejar. Também aludiu à “indústria de boatos” e a “fake news”. Repetiu o slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. O Bastidor mantém, na íntegra e sem ressalvas, o teor da reportagem publicada acima.